Sétima etapa do mapeamento da COVID-19 começa em São Paulo

Nova fase da pesquisa será a segunda desde o início da vacinação e aplicação dos testes sorológicos acontecerão de 9 a 18 de setembro. Iniciativa reúne cientistas e médicos renomados, Grupo Fleury, Ipec – Inteligência em Pesquisa e Consultoria, Instituto Semeia e Todos pela Saúde com o intuito de identificar a proporção de pessoas que possui anticorpos contra o novo coronavírus SARS-CoV-2 na capital paulista.

Começa nesta quinta-feira, 9 de setembro de 2021, a sétima etapa do projeto ‘SoroEpi MSP - Inquéritos soroepidemiológicos seriados para monitorar a prevalência da infecção por SARS-CoV-2 no Município de São Paulo’. O projeto, cujo objetivo é identificar a proporção da população que possui anticorpos contra o coronavírus SARS-CoV-2 na capital paulista, é uma ação entre cientistas e médicos renomados com apoio do Grupo Fleury, Ipec – Inteligência em Pesquisa e Consultoria, Instituto Semeia e Todos pela Saúde – iniciativa lançada pelo Itaú Unibanco para enfrentar a COVID-19 e seus efeitos sobre a sociedade brasileira. Esta nova fase é a segunda desde o início da vacinação na capital paulista.

O projeto SoroEpi MSP pretende subsidiar políticas públicas de prevenção e controle da pandemia da COVID-19, oferecendo informações sobre o percentual de pessoas já infectadas que poderão estar, pelo menos em parte, protegidas contra o coronavírus. Estas informações são importantes para que as autoridades de saúde possam tomar decisões acerca das ações de combate ao vírus.

O estudo consiste em aplicar o teste sorológico para o diagnóstico da infecção pelo SARS-CoV-2, realizado por meio de coleta de sangue, e usado para detecção de anticorpos específicos para o vírus. Os resultados dos testes permitem estimar a fração de pessoas que já foram infectadas e que podem ter desenvolvido imunidade ao vírus causador da doença.

A nova fase pretende abordar 1.280 domicílios sorteados para realização das entrevistas e das coletas de sangue com todos seus moradores acima de 18 anos. As visitas serão realizadas por um entrevistador do Ipec, que aplicará um questionário, e um técnico da a+ Medicina Diagnóstica, marca do Grupo Fleury, que será responsável pela coleta de sangue. As visitas ocorrerão de 9 a 18 de setembro de 2021.

Esta sétima etapa integra o estudo iniciado em um projeto-piloto em maio de 2020. Depois foram mais três fases ao longo do ano passado, realizadas em junho, julho e outubro. Em janeiro de 2021 e, mais recentemente, em abril foram realizadas a quinta e sexta etapas do estudo.

Seleção de domicílios

A cidade de São Paulo é composta por 96 distritos, distribuídos em seis regiões: Centro, Oeste, Sul, Sudeste, Leste e Norte. Para alcançar uma amostra de resultados que represente uma cidade de 11,9 milhões de habitantes, sendo 9,2 milhões com 18 anos ou mais, nesta etapa do projeto foram sorteados 160 setores censitários, que são unidades territoriais básicas dos Censos Demográficos do IBGE, sendo que dentro de cada setor também são sorteados 8 domicílios, totalizando 1.280 residências. Para a realização da pesquisa, foram criados dois estratos na cidade: distritos com maior renda e distritos com menor renda, sendo que cada um deles corresponde a cerca de metade da população pesquisada.

Os moradores dos domicílios sorteados são informados sobre a possibilidade de participação na pesquisa por meio de uma carta do Ipec e do Grupo Fleury, que contam com um canal para esclarecimento de eventuais dúvidas. Todos os habitantes dos domicílios sorteados farão parte da amostragem e serão convidados a participar da pesquisa, desde que tenham 18 anos de idade ou mais e estejam em condições de responder a pesquisa e consentir a participação, sendo que será mantido o anonimato de todos que participarem da pesquisa. Os indivíduos serão informados dos resultados de seus exames – e não haverá pagamento de qualquer natureza para os participantes do estudo, seja para a coleta ou disponibilização do resultado do teste.

A partir dos resultados dos testes sorológicos de diagnóstico da COVID-19 e das respostas do questionário pelos indivíduos, as prevalências de infecção pelo vírus SARS-CoV-2 serão estudadas por meio de estimativas do percentual da população que já foi infectada, levando-se em consideração os aspectos complexos do plano de amostragem (sorteio de conglomerados, estratificação e ponderação).

Estima-se que a imunidade coletiva entre 60 e 80% dificulta a transmissão do SARS-CoV-2. Nesse percentual, acredita-se que o vírus até consegue migrar de uma pessoa para outra, mas encontra, na maioria dos casos, um ser humano anteriormente infectado e, portanto, capaz de produzir anticorpos contra esse vírus, findando o contágio e permitindo o fim do isolamento.

A cada fase, os dados obtidos com a pesquisa do SoroEpi MSP serão compartilhados com autoridades de saúde e instituições de pesquisa e divulgados amplamente após o término do estudo, bem como serão posteriormente publicados em revistas científicas, sempre garantindo a confidencialidade dos dados pessoais dos participantes.

3,5 milhões de infectados

A sexta etapa do SoroEpi MSP estimou que 3,5 milhões de pessoas, ou 41,6% da população adulta com 18 anos ou mais moradora da capital paulista, foram infectadas pelo coronavírus. Em comparação com a fase anterior, a pesquisa apontou aumento de 11,7 pontos percentuais na soroprevalência passando de 29,9% para 41,6%. Entre a quinta e sexta fase, ocorridas em janeiro e abril de 2021, respectivamente, o estudo indicou que cerca de um milhão de adultos foram infectados pelo SARS-CoV-2. O estudo mostrou que não foi detectada uma diferença de soroprevalência entre os vacinados e não vacinados.

Nesta fase, a soroprevalência, isto é, a frequência de indivíduos com anticorpos contra o novo coronavírus, mostrou um aumento significativo entre as pessoas com idade entre 35 e 44 anos. A prevalência nessa faixa etária é 1,4 vezes maior do que a observada entre os que têm 60 anos ou mais (51,3% versus 36,2%).

Os dados da pesquisa mostram que alguns fatores continuam estatisticamente relacionados com a taxa de prevalência. Em distritos mais ricos, por exemplo, a soroprevalência é menor (35,9%) do que a estimada para o total do município (41,6%), mas em contrapartida, nos distritos mais pobres do município, esse índice atinge 47,0%.

Na avaliação por grau de escolaridade, pessoas com até o ensino fundamental apresentam uma soroprevalência 1,8 vezes maior que indivíduos com nível superior completo (45,2% versus 24,7%). Situação semelhante ocorre em relação à raça/cor de pele: a soroprevalência é 1,4 vezes maior entre pessoas que se autodeclararam pretas e pardas quando comparadas às brancas (48,4% versus 35,0%).

Outro achado importante nessa fase da pesquisa é que foi detectada pela primeira vez uma diferença significante na soroprevalência entre domicílios com 1 e 2 pessoas e domicílios com 5 ou mais habitantes (34,3% versus 48,2%).

A sexta fase da pesquisa foi realizada entre os dias 22 de abril e 1 de maio de 2021 (58 semanas após o primeiro caso registrado na cidade). No período da coleta dos dados, 16,3% da população adulta da cidade já havia sido vacinada. Nesta etapa, foram analisadas 1.187 amostras de sangue dos participantes em 160 setores censitários. Foram sorteadas 8 residências em cada setor censitário.

Mais informações sobre o projeto SoroEpi MSP podem ser encontradas no site, nas versões português e inglês, acessando: https://www.monitoramentocovid19.org/.​

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